10.8.13

«Nazaré» de Raul Brandão

Em Junho de 1923, Raul Brandão escrevia que « a Nazaré é a terra mais importante de pescadores nesta parte da costa portuguesa.» Trata-se do mais belo retrato factual de uma terra de pescadores exposto no livro Os Pescadores (1923). É um conjunto de vários textos que formam um consistente livro de narrativas de viagens. São quase retratos naif dos lugares por onde o autor passou. Na descrição que faz da praia, Raul Brandão, parte do Valado para chegar à costa encontrando olha para o «morro avermelhado e riscado, com vegetação pegajosa de urzes e de cardos e um penedo destacado na ponta - o bico do Guilhim. Lá em cima as paredes brancas de uma aldeia árabe entre sebes de cactos hostis - o sítio. Pedaços de rochas salientes ameaçam desabar a toda a hora...» E há relatos em tono da pesca, do peixe, textos sobre a chata e a neta (barcos), a mulher, o pescador, o Sítio, a Pederneira...
Raul Brandão nasceu na Foz do Douro (Porto) em 1867 e era filho e neto de pescadores. Foi capitão do exército, mas é sobretudo a escrita que ficará. É um dos elemento da «geração de 90» (século XIX), influenciada pela estética decadentista-simbolista de matriz parisiense e foi no Porto que revelou o opúsculo Os Nefelibatas (1892). Ao seu lado, os companheiros António Nobre, Alberto de Oliveira, Júlio Brandão, entre outros. Morreu em Lisboa em 1930.

Os Pescadores
Raul Brandão
Editorial Comunicação, Lisboa, 1986