18.1.19

Um cronista com a praia em fundo

As suas pequenas histórias em que a Nazaré serve de palco, mostram que José do Carmo Francisco é um escritor e cronista com uma magnífica caneta. Recorre-se da memória para escrever e por isso, pode dizer-se que esse olhar muito contribui para definir alguns dos traços da sociedade nazarena. José do Carmo Francisco nasceu em Santa Catarina, concelho das Caldas da Rainha, em 1951. Foi bancário, juiz social no Tribunal de Menores, jornalista, colaborador e redactor de revistas e jornais (Revista Ler, Diário Popular, A Bola, Jornal do Sporting,...) Ao longo da infância e juventude viu as mulheres que vendiam peixe nas Caldas, conheceu gente da Nazaré, foi à praia, enfim, um verdadeiro paleco que bebeu água da fontinha e ainda hoje conta coisas sobre a praia. Basta consultar o blogue onde escreve. Estão lá a «Elvira que foi amiga de minha mãe ...com a Tia Rosa e com a Tia «Barrila» vender o peixe em canastras que guardava na adega da casa da minha avó», «um grupo de músicos da Nazaré toca jazz de Nova Orleãs em Proença-a-Nova.», o futebol visto «na Nazaré, algures por Julho de 1997 que eu descobri que os árbitros deixaram de ser influentes para serem decisivos.», as pessoas que conheceu «No frio da noite a sopa de baleia é um conforto para o estômago. A palestra de Laborinho Lúcio foi uma poderosa revelação...», e tantas, tantas outras que nos perdemos a clicar uma atrás de outra história. 

O Mundo é pequeno e o acaso é grande: a Ana Maria que vem todos os dias da Nazaré para Santa Catarina, é sobrinha da Elvira e prima do Fábio e do Mauro, dois excelentes músicos nazarenos que são amigos do meu primo Luís Almeida, também músico. Meu pai (José Francisco) está muito bem entregue e nós os filhos podemos dormir mais descansados. A sombra de Elvira («amiga da alegria») continua a proteger quem enfrenta os dias com um teimoso sorriso nos lábios. Somos alheios aos desabafos antigos que chegaram ao nosso tempo («O estipor de vida que eu levo!») mas atentos ao bem disposto exclamativo perante uma coisa insólita, inesperada e inverosímil: «Só se está pardinal!» Na Nazaré tudo é diferente: pardinal quer dizer «com os copos» e a rosa divina é o «sol». E estipor é «estupor», claro.

blogue de José do Carmo Francisco

Sem comentários:

Enviar um comentário