14.11.20

Os jornais da Praia, do Sítio e da Pederneira

Há muito que o autor havia prometido escrever sobre os jornais da praia. Aí está, o trabalho demorou, a pesquisa foi aturada por natureza do manuseamento de velhos papéis, mas chegam agora ao público «Os Jornais da Nazaré e o seu Tempo» que tem o espaço temporal entre 1899 e 1926. O autor justifica o início com a edição do primeiro número do «Correio da Nazareth», primeiro jornal que ali foi editado e o fim com o golpe militar de 28 de Maio de 1926, «por representar o nascer de uma nova ordem política que, gradualmente, se imporia ao país». Júlio Murraças detalha com precisão os tempos históricos (não fosse ele licenciado em História) e retira dos diversos jornais as notícias mais indicadoras dos tempos que se foram vivendo na Nazaré. As atribulações da queda da monarquia, os diversos quadros  políticos que se impuseram aos pescadores, as governações, ora da Pederneira, ora da Nazaré, as comissões locais dos partidos que o princípio do séc XX viu nascerem, enfim, a ebulição política e social que os jornais retratavam na época. É sobretudo no capítulo II deste volume que assenta essa transição da monarquia para a república e a consequente representação partidária na Nazaré. E depois, a grande mancha do livro está no capítulo seguinte em que se detalham os títulos que foram saindo das tipografias: Correio da Nazareth, O Povo da Nazareth, A Nazareth, O Futuro, O Sítio da Nazareth, Revolucionário, etc. Encontramos as notícias sobre a tão desejada construção de um porto de abrigo ou do paredão frente ao mar, as sociais visitas de ilustres portugueses por alturas do Verão, os naufrágios de embarcações e o desaparecimento de muitos pescadores, as eternas disputas pelo poder ou o também eterno concurso para a construção e exploração dos caminhos de ferro entre a Nazaré e Tomar. Além disto, há uma secção de biografias nazarenas que ajuda a enquadrar quem foi quem, naquela época.


Antes, e primeiro que a capital de distrito, Leiria, os republicanos da Nazaré proclamam a República e ocupam os lugares na administração municipal. «Às duas horas da tarde do dia 6 de outubro de mil novecentos e dez, nos Paços do Concelho da Pederneira, onde às onze horas da manhã d'esse mesmo dia havia sido proclamada a República Portuguesa...» é nomeada por aclamação uma Comissão Administrativa composta na totalidade por republicanos.

Os Jornais da Nazaré e o seu Tempo - de Janeiro de 1899 a Maio de 1926
Júlio Murraças
M.AR: Músicas & Artes, Nazaré, 2020 

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